Vamos começar essa conversa lembrando que a linguagem manifesta-se em todas as atividades humanas e, que a língua (uso da linguagem) é fruto de um processo de construção histórica e social. Ela é um sistema social, um código (letras, sons, sinais) desenvolvido e utilizado para a transmissão de pensamentos, sentimentos, ideias, o que possibilita as interações entre os indivíduos. O caráter social da língua é facilmente percebido quando levamos em conta que ela existe antes mesmo de nós nascermos. Cada um de nós já encontra a língua formada e em funcionamento, pronta para ser usada. (Betania, 2010)
O ser humano, como sabemos, é um ser cultural e social. Ao nascer, ele já nasce numa cultura instituída, num contexto sócio-histórico, numa sociedade, na qual se fala uma determinada língua. Desta forma, a língua permite que o indivíduo seja inserido na sociedade e na cultura, seja aceito pelo seu grupo social e desempenhe seu papel sócio-histórico, permitindo que ele se constitua como sujeito, inserindo-o nos seus diversos papeis sociais.
Existem vários tipos de linguagem, seja ela falada, escrita, através do desenho, de sinais, de imagens, sons, de vídeo, etc...
Segundo Geraldi (2011), a linguagem é um dentre os inúmeros mecanismos que nos tornam o que somos. Ela é um elemento essencial para a construção de nossas identidades, pois nascemos e habitamos um mundo regido pela linguagem, sendo esta adquirida e internalizada na relação entre os indivíduos, nas interações sociais.
Vemos, então, que a identidade do sujeito é construída por meio da língua, da linguagem e da cultura; assim, língua, linguagem, cultura e identidade são conceitos intrinsicamente ligados.
Segundo Geraldi (2011), falar “é construir uma representação do mundo para si e para os outros”, sendo a linguagem constitutiva dos sujeitos que a falam. Desta forma, a linguagem nos torna o que somos.
Da mesma forma que Hall (2006) nos fala que a identidade está em constante formação e transformação, portanto, a fixação da identidade não é uma possibilidade. Consideramos então, que a identidade do indivíduo é o resultado de um processo histórico-social, dinâmico, mutável, em contínua construção e transformação ao longo da vida,
Estamos vivendo em um mundo no qual os rápidos avanços tecnológicos propiciam às pessoas facilidades de comunicação, principalmente devido ao uso da internet, o que permite às mesmas deslocarem-se rapidamente, interagindo com varias pessoas ao mesmo tempo, em espaços distintos. Isto reflete nas questões da identidade, da diferença e alteridade, do “outro”, da diversidade cultural, da “construção/desconstrução” da identidade dos indivíduos.
Canclini (2005) nos fala do fenômeno da globalização e da ambivalência do mundo no atual panorama cultural mundial, de um lado com tendências de integração e, de outro lado, com a evidência da fragmentação. Apesar dos riscos de homogeneização, a globalização também oferece oportunidades para o surgimento de novas formas híbridas de identidade, demonstrando a resiliência e adaptabilidade das culturas diante das mudanças globais.
Após um breve passeio em enunciados de alguns estudiosos, podemos entender que a linguagem se compõe e se expressa através de vários fatores na construção e reconstrução constantes de identidade, como a cultura e as interações sociais, principalmente.
Que fatores você levaria em conta como mais relevante, principalmente, na construção de sua identidade atual?
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