segunda-feira, 1 de abril de 2013

Como acontece uma grande reforma educacional?


Em entrevista à Revista Nova Escola, perguntado sobre como acontece uma grande reforma educacional, Edgar Morin* disse: 
"Nenhuma mudança é feita de uma só vez. Não adianta um ministro querer revolucionar a escola se os espíritos não estiverem preparados.  A reforma vai começar por uma minoria que sente necessidade de mudar. É preciso começar por experiências pilotos, em uma sala de aula, uma escola ou uma universidade em que novas técnicas e metodologias sejam utilizadas e onde os saberes necessários para uma educação do futuro componham o currículo. Teríamos, desde o começo da escolarização, temas como a compreensão humana; a época planetária, em que se buscaria entender o nosso tempo, nossos dilemas e nossos desafios; o estudo da condição humana em seus aspectos biológicos, físicos, culturais, sociais e psíquicos. Dessa forma começaríamos a progredir e finalmente a mudar."

Nesse trecho da entrevista, chamou minha atenção, em um primeiro momento e entre outras, uma afirmação: 

"Não adianta um ministro querer revolucionar a escola se os espíritos não estiverem preparados." 

E as questões que imediata e implacavelmente se colocam são: como preparar os espíritos? E os espíritos de quem? 

Sem a intenção de simplificar demais, imagino que  um amplo, contínuo e aprofundado diálogo seria uma boa maneira de se começar. Fundamental também a criação de um espaço aberto e apropriado ao diálogo para que vários atores da sociedade - não apenas da área educativa - pudessem se envolver e buscar construir colaborativamente respostas ao menos a uma pergunta: como deve (ria) ser a educação do século XXI? 

E aqui cabe uma observação: a tarefa de promover o debate de temas ligados a mudanças na qualidade da educação não é pertinente apenas ao estado. A sociedade civil também deve se mobilizar e fazer-se ouvir. Deve exercer sua autonomia para procurar, encontrar e propor soluções. 

Infografia do Encontro
Um exemplo interessante e inovador de estratégia para fomentar esse diálogo e engajar pessoas na reflexão e na ação maior de mudar a escola, é o formato adotado pelo Encontro Internacional de Educação: no lugar de eventos pontuais e desconectados, a realizadora dessa iniciativa, a Fundação Telefônica, optou por promover 18 meses continuados de debate e de intercâmbio, de atividades e oficinas em rede. Os focos são: debater, experimentar, compartilhar. 

Além do diálogo online, que democratiza e amplia a possibilidade de participação, a cada dois meses, o Encontro tem chegado - desde abril de 2012 -  presencialmente a uma cidade distinta. Nesses eventos presenciais - que duram dois dias e contam também com transmissão online - são elaboradas as conclusões da temática proposta no período. 

Durante dois anos, o Encontro visitará até nove cidades iberoamericanas para eventos presenciais que têm a colaboração de grandes especialistas, não só do mundo educativo, mas de diversas áreas do conhecimento. Ao todo, até novembro de 2013, serão abordados nove temas, que conversam entre si, e que alimentarão o diálogo sobre o presente e o futuro da educação. Uma tentativa de se "preparar os espíritos". 
  1. Relações entre educação, sociedade e trabalho
  2. Tecnologia e qualidade educativa
  3. A educação integral na era digital
  4. O que e como ensinar e aprender na sociedade digital
  5. O papel do professor
  6. Como liderar a mudança nos centros educativos
  7. A família: sócio estratégico para a educação
  8. A educação permanente: a educação formal, informal e não formal
  9. Visão e tendências educativas do futuro
Para conhecer melhor a dinâmica proposta, confira o infografia do Encontro.

Nos dias 2 e 3 de abril, a cidade do Rio de Janeiro recebe o evento presencial que marca o encerramento do tema 6 - Como liderar a mudança nos centros educativos. 

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