segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Linguagem e processos de comunicação

A linguagem é um sistema organizado de sinais que serve como meio de comunicação para compartilharmos as nossas experiências com outras pessoas, aprender, ensinar…

A linguagem é um sistema organizado de sinais que serve como meio de comunicação para compartilharmos as nossas experiências com outras pessoas, aprender, ensinar etc. Geralmente, ao falarmos de linguagem, logo pensamos na linguagem verbal e textual, fazendo referência à capacidade humana de expressar pensamentos, ideias, opiniões e sentimentos por meio de palavras.
No entanto, existem outras formas de linguagem, como a pintura, a música, a dança, a mímica e outras. Desta forma, tanto por meio da linguagem verbal quanto da linguagem não-verbal, o indivíduo representa o mundo e exprime o seu pensamento.

Linguagem verbal e não-verbal

A linguagem verbal e a não-verbal utilizam-se de signos para expressar sentidos, porém, na verbal, os signos são formados pelos sons da língua; já na linguagem não-verbal, outros signos são explorados, como as formas, figuras, a cor, os gestos etc.
A linguagem verbal é linear, ou seja, os seus signos e sons se sucedem um após o outro, no tempo da fala ou no espaço da linha escrita. Na linguagem não-verbal, vários signos podem ocorrer ao mesmo tempo. As cores de um semáforo, o cartão vermelho de um juiz, as placas de trânsito e as figuras na porta de um banheiro são exemplos de linguagem não-verbal.
Os processos de comunicação
Sempre que nós nos comunicamos com alguém, nós temos um objetivo, uma finalidade, e utilizamos vários códigos que representam os nossos pensamentos, desejos e sentimentos. Independentemente do meio utilizado, que pode ser por telefone, e-mail, redes sociais, escrita, gestos etc., toda comunicação tem por objetivo a transmissão de uma mensagem e pressupõe necessariamente a interação de seis fatores. Os seis fatores do esquema de comunicação são os seguintes:
  • Emissor ou destinador – Aquele que envia, emite a mensagem, seja pela palavra oral ou escrita, gestos, expressões, desenhos etc. Pode ser um indivíduo apenas ou um grupo, uma empresa, uma instituição ou uma organização informativa (rádio, TV);
  • Receptor ou destinatário – Quem recebe a mensagem (lê, ouve, vê), quem a decodifica. Também pode ser uma pessoa apenas ou um grupo;
  • Mensagem – O conteúdo das informações transmitidas, daquilo que é comunicado. Pode ser virtual, auditiva, visual e audiovisual;
  • Código – O código é um conjunto de sinais estruturados que pode ser verbal ou não-verbal. Trata-se da maneira pela qual a mensagem se organiza;
  • Referente – É o contexto no qual se encontram o emissor e o receptor da mensagem;
  • Canal – É o meio utilizado para a transmissão da mensagem. O canal deve ser escolhido cuidadosamente para garantir a eficiência e o sucesso da comunicação.  O canal pode ser uma revista, jornal, livro, rádio, internet, telefone, TV etc.

As funções da linguagem

Cada um dos fatores do processo de comunicação dá origem a uma função linguística específica. O pensador russo Roman Jakobson, em sua obra Linguistics and poetics (1960), distinguiu seis funções da linguagem verbal e a estrutura verbal de uma mensagem depende da função que nela é predominante.
As seis funções da linguagem são as seguintes:
  • Função referencial ou denotativa: Transmite uma informação objetiva sobre a realidade, é orientada para o referente, apontando o sentido real dos seres, coisas e fatos. A linguagem é objetiva e direta, apenas informa, transmitindo impessoalidade. Encontramos esta linguagem nas notícias de jornais e textos técnicos, científicos e didáticos;
  • Função expressiva ou emotiva: Esta função é centrada no emissor, refletindo seu estado de ânimo, sentimentos e emoções. A função expressiva/emotiva é encontrada em poemas ou narrativas românticas, cartas de amor e biografias;
  • Função apelativa ou conativa: A função apelativa ou conativa é centrada no receptor e tem por objetivo influenciá-lo, persuadi-lo, convencê-lo de algo ou dar ordens. É a função encontrada nos anúncios publicitários e discursos políticos;
  • Função fática (de contato): Centra-se no canal e estabelece uma relação (contato) com o emissor, para verificar a eficiência do canal ou prolongar uma conversa. Encontramos esta função em saudações, conversas telefônicas e cumprimentos do dia a dia;
  • Função metalinguística: É centralizada no código e ocorre quando o emissor explica o código usando o próprio código. O dicionário é um exemplo desta função, pois se trata da palavra explicando ela própria;
  • Função poética: A função poética é centralizada na mensagem e caracteriza-se pelo uso de linguagem figurada, metáforas e outras figuras de linguagem, sonoridade etc. Esta função está presente nas músicas, poemas e algumas obras literárias.

Linguagem coloquial e culta

A linguagem também deve ser adequada ao contexto da comunicação e, neste sentido, temos a linguagem coloquial e a culta. Você pode perceber que não se comunica com o seu professor do mesmo jeito que com a sua mãe, um amigo ou outra pessoa, não é mesmo? Isto ocorre justamente porque tudo depende da circunstância em que se está inserido. O padrão coloquial da língua é usado para a comunicação mais informal, sendo mais livre das normas gramaticais. Normalmente é usado com amigos, familiares e outras pessoas mais próximas.
Já o padrão culto da língua manifesta-se pelo uso das normas gramaticais e em situações que exigem mais formalidade. Geralmente, é usado em uma reunião de trabalho ou com uma autoridade em geral. Sendo assim, é importante levar em consideração o contexto, o assunto a ser tratado, o meio pelo qual a mensagem será transmitida e o nível social e cultural do destinatário.
Fonte: http://www.estudopratico.com.br/linguagem-e-processos-de-comunicacao/

Desenvolvimento da Linguagem




Segundo Oliveira (1999, p. 42), “é a necessidade de comunicação que impulsiona, inicialmente, o desenvolvimento da linguagem”.
Desde os primórdios, a comunicação é essencial para o ser humano. O homem buscou se comunicar de diversas maneiras para interagir com o ambiente e suprir suas necessidades.
A comunicação se estabelece de várias formas, como por meio de gestos, cores, símbolos e sinais. Portanto, não ocorre apenas por palavras faladas ou escritas. Há uma convenção entre as partes para que ela ocorra.
Para que a comunicação aconteça é necessário o emissor, a mensagem e o receptor. Esse sistema de comunicação permite a troca de informação pelo o grupo e a concretização da linguagem.
O sistema de signos que traduz o pensamento verbal e da linguagem foi considerável no desenvolvimento da espécie humana.
Compreender a comunicação humana é saber que a aquisição da linguagem tem vários níveis. Nos primeiros anos de vida a criança apresenta a fase pré-verbal no desenvolvimento do pensamento e uma fase pré-intelectual no desenvolvimento da linguagem.
O choro, o riso, o balbucio são uma das primeiras formas que a criança demonstra para solucionar problemas práticos, mesmo antes de dominar a linguagem. Demonstra uma comunicação ineficiente, mas é essa forma que utiliza como um meio de contato social e alívio emocional.
Muitas mães passam a decifrar o choro dos bebês com o transcorrer do tempo. Relatam que seus filhos choram de forma diferenciada quando sentem fome ou para trocar fraldas. O choro é uma forma óbvia de comunicação e que transmite o estado de desconforto do bebê.
Não é somente através do choro que os bebês se expressam. Diversos são os sons emitidos por eles, que aos poucos são identificados e assim transmitidas suas vontades.
Quando ocorre a junção dos processos de desenvolvimento do pensamento e da linguagem, acontece o pensamento verbal e a linguagem racional.
O ser humano passa a expor um funcionamento psicológico sofisticado quando mediado pelo sistema simbólico da linguagem.
Para que ocorra o desenvolvimento da linguagem de forma eficiente são necessários os fatores biológicos dentro da normalidade, como exemplo, a integridade do Sistema Nervoso Central.
Quadro elaborado segundo os autores Chiari, B.M.; Aimard, P.; Casanova, J. P.; Ajuriaguerra (citado por Cardoso, 2003).

IDADE (meses)PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO DESENVOLVIMENTO DE LINGUAGEM
0 a 3- Vocalizações (repetições de vogais e sons guturais) não lingüísticas. Essas produções têm pouca influência da língua-mãe.
- Sorriso reflexo.
- Apresenta movimentos corporais bruscos ou acorda ao ouvir estímulo sonoro.
- Aquieta-se com a voz da mãe.
- Procura fonte sonora com movimentos oculares.
3 a 6- As vocalizações começam a adquirir algumas características de linguagem, ou seja, entonação, ritmo e inicia-se a modulação de ressonância.
- A fase de lalação aparece por volta dos 3 a 4 meses e se distingue por sua fonação lúdica . A criança sente prazer em balbuciar (brincar com os órgãos fono-articulatórios).
- Pára de chorar ao ouvir música.
- Começa a voltar à cabeça em direção a um som lateral e próximo.
6 a 9- Pré-conversação. A criança vocaliza principalmente durante os intervalos em que é deixada livre pelo adulto, e também encurta suas vocalizações para dar lugar as respostas do adulto.
- Localiza diretamente a fonte sonora lateralmente e indiretamente para baixo.
- Responde quando chamada.
- Repete sons para escutá-los.
9 a 12- Localiza diretamente a fonte sonora para baixo.
- Reage paralisando a atividade quando a mãe fala "não".
- Vocaliza na presença de música.
- Compreende algumas palavras familiares, por ex.: "mamãe, "papai", "nenê".
- Compreende ordens simples, por ex.: "bate palmas" e dar "tchau".
- Vocalizações mais precisas e melhor controladas quanto a altura tonal e a intensidade. Agrupa sons e sílabas repetidas `a vontade.
- Pede, recebe objetos e oferece-os de volta.
- Usa gestos indicativos.
- Surge a primeira palavra, muitas vezes não inteligível.
12 a 18- Surgem as primeiras palavras funcionais que, em geral, se dá um prolongamento semântico, por ex.: chama "cachorro" a todos os animais.
- Crescimento quantitativo de compreensão e produção de palavras.
- Localiza fonte sonora indiretamente para cima.
- Gosta de música.
- Compreende verbos que representam ações concretas (dá, acabou, quer).
- Identifica objetos familiares através de nomeação.
- Identifica parte do corpo em si mesma.
- Utiliza-se de palavra-frase (usa uma palavra que corresponde a um enunciado completo).
- Repete palavras familiares.
- Tenta contar.
18 a 24- Surgimento de frases de dois elementos.
- Localiza fonte sonora em todas as direções.
- Presta atenção e compreende estórias.
- Identifica parte do corpo no outro.
- Inicia o uso de frases simples.
- Usa gesto representante.
- Usa o próprio nome.
2 a 3 anos- Iniciam-se sequências de três elementos, por ex.: "nenê come pão" (fala telegráfica.
- Aponta gravura de objeto familiar descrito por seu uso.
- Identifica objetos familiares pelo nome e uso.
- Aponta cores primárias quando nomeadas (vermelho, azul, amarelo...)
- Compreende o "Onde?” "Como?"
- Pergunta o que?
- Nomeia ações representadas por figuras.
- Refere-se a si mesmo na 3ª pessoa.
- Combina objetos semelhantes.
- Constitui frase gramatical simples ( com verbos, preposições, adjetivos e advérbio de lugar).A partir dos três anos aumenta extraordinariamente o número de vocábulos da criança e espera-se que até os cinco anos ela tenha domínio de todos os fonemas da língua.

Por Arlene Costa

Referência Bibliográfica:
GARCIA, Maria Madalena Momesso; CAMARGO, Neuci Lemme. Ano V – Número 09 – Janeiro de 2007 – Periódicos Semestral.
KLAUS, Marshall; KLAUS, Phyllis. O surpreendente recém-nascido. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.
OLIVEIRA, Marta Kohl. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio – histórico. 4 ed. São Paulo: Scipione, 1999. (Pensamento e Ação no Magistério).
Site: Cardoso, Tânia A. Lopes. http://www.profala.com/arttf64.htm.

Fonte: http://www.infoescola.com/comunicacao/desenvolvimento-da-linguagem/

Feira do livro 2016 Porto Alegre RS



Lançamento do livro "Caminhos da Linguagem" vol II na Feira do Livro de Porto Alegre 2016.

Data: 29/10/2016 - sábado
Horário: 14 hs
Local: Memorial do RS

Contamos com sua presença!