domingo, 12 de agosto de 2012

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA FORMAÇÃO SOCIAL DO INDIVÍDUO

Por Danielle Santos de Brito.


Iremos expor qual a importância da leitura na formação social de um indivíduo, e ressaltar que é por meio da leitura que podemos formar cidadãos críticos, uma condição indispensável para o exercício da cidadania, na medida em que torna o indivíduo capaz de compreender o significado das inúmeras vozes que se manifestam no debate social e de pronunciar-se com sua própria voz, tomando consciência de todos os seus direitos e sabendo lutar por eles. Ao lermos um texto estabelecemos um diálogo entre tudo o que sabemos e aquilo que o texto nos traz de novo, atribuindo significado ao que lemos, utilizando assim apropriadamente os recursos argumentativos para sustentarmos nossos pontos de vista. Ler não é adivinhar e nem decifrar os significados.  Ler é reformular esses significados tantas vezes quantas forem necessárias a partir do encontro entre novas idéias e opiniões, daí decorre a conclusão de que é nos textos e pelos textos que podemos adquirir a competência de operar criativamente, um tipo de saber cada vez mais singular na contemporaneidade, ressaltando que é na Literatura, o homem por meio da palavra e de sua capacidade criadora, recorta parte da realidade, cria o texto por meio do qual manifesta seu discurso, que está presente na obra de arte, portanto a Literatura é arte, e como tal é manifestação da alma e inteligência humana.


O MUNDO DA LEITURA

A leitura é um conhecimento construído de experiências únicas? Um desejo de viver? Na verdade, a leitura está relacionada não só a estes questionamentos, mas a inúmeros outros. O ato de ler é representado por meio da escrita, do som, da arte, dos cheiros. Cada leitor possui uma experiência própria, cotidiana e pessoal, tornando a leitura única, incapaz de se repetir, e este é o seu grande encanto. Através deste recurso fabuloso, conseguimos o total domínio da palavra, traçando idéias e conhecimentos, sendo possível entender o mundo que nos cerca, nos transformamos e, ao nos transformar, abrimos nossas mentes para o desconhecido, passando assim a construir um mundo melhor para cada um de nós. 
Por meio da leitura resgatamos nossas lembranças mais especiais, que fazem parte da nossa cultura. Essa cultura que nos foi dada tem como finalidade a formação de  cidadãos críticos e conscientes de seus atos, porém essa cultura se dilui e se perde diariamente, e é este saber, esta cultura que precisa ser recuperada.
Podemos ressaltar que a leitura não se constitui em um ato solitário, nem em atividades individuais,  o leitor é sempre parte de um grupo social, certamente carregará para esse grupo elementos de sua leitura, do mesmo modo que a leitura trará vivências oriundas do social, de sua experiência prévia e individual do mundo e da vida. 
Ao ler um texto ou um livro, interagimos não propriamente com o texto, mas com os leitores virtuais, que são constituídos no próprio ato da escrita. O autor os cria em seus textos e o leitor real, lê o texto e dele se apropria. O texto passa assim a exercer uma mediação entre sujeitos, tendo a influência de estabelecer relações entre os leitores reais ou virtuais. O conceito de leitura na maior parte das vezes está relacionado com a decifração dos códigos lingüísticos e sua aprendizagem. No entanto, não podemos deixar de levar em consideração o processo de formação social deste indivíduo, suas capacidades, sua cultura política e social.

Quais as barreiras que encontramos ao ler?

A maior parte das pessoas hoje não tem por hábito a leitura diária de um jornal, uma revista, como fim de manter-se atualizado e integrado com as diversas notícias que surgem a cada instante. Tais pessoas mantêm suas vidas restritas  apenas  a comunicação oral e dificilmente ampliam seus horizontes.  Por terem opiniões parecidas com as suas, como uma conversa informal entre amigos, forma-se um grande círculo vicioso, onde  as informações ficam restritas, não havendo uma opinião focada crítica e concreta, somente dados expostos de formas simples e sem julgamentos.
Segundo Scarpa, “é nos livros que temos a chance de entrar em contato com o desconhecido”. É primordial em meio à globalização incentivar  a formação dos leitores, garantindo assim uma convivência pacífica com as diversidades que nos cerca. Quando lemos um bom livro e nos deixamos ser transportados para uma realidade paralela, onde à medida que cada página é virada, o leitor é submetido a universo único, repleto de descobertas, encantamento e diversão. Não nos limitamos a um só tipo de leitor, ou o que cada leitor está lendo e sim o prazer que ele mantém ao ler tal livro ou tal poesia. 
O papel da escola é fundamental nesse processo, e o professor é seu o maior mediador. Nem sempre ele se disponibiliza, além de não dispor, às vezes, de recursos adequados para realizar tais atividades, ou simplesmente não sabem como implementá-las. Em um país que ainda sofre com a deficiência no ensino público e com o alto índice de analfabetismo funcional, todas as tentativas que incentivem e transformem nossos brasileiros em leitores são extremamente bem-vindas. 
Uma das maiores dificuldades encontradas pelos adolescentes está na forma de ler. O livro oferece uma mensagem elaborada a ser decifrada e compreendida, porém para obter este saber é necessário decifrar os signos escritos e compreendê-los. Acontece que maioria dos casos os alunos somente passam os olhos‟ sobre o texto e não compreendem o que está sendo proposto pelo autor.
Muitos estudantes lêem sem compreender, decifram o texto sem compreender o que o texto realmente traz de informatividade. É importante salientar que, para um leitor capacitado, a principal proposta da leitura é compreender qual é a mensagem, com o objetivo de buscar analisar todos os pontos abordados pelo autor de uma forma coerente e ágil. Já para um leitor inexperiente, como por exemplo, uma criança, quando aprende a ler, cuja principal tarefa é decifra as letras, sua leitura será, provavelmente, mais lenta, antes da compreensão da mensagem, ela deverá discriminar e identificar as letras, combinando-as entre si, reconhecer o seu significado, relacioná-las e por fim compreender a mensagem daquele texto. Podemos estimular estas crianças, fazendo uma leitura em voz alta dos textos trabalhados, mostrando a elas modelos de leitura, pois o professor é o modelo de leitor.  Desta forma elas podem se orientar melhor, inclusive guiando-se com o dedo, e aos poucos as frases serão entendidas. Logicamente, devemos relacionar a leitura com bons hábitos, o estímulo deve começar cedo, pois são importantes para o desenvolvimento de relações produtivas como o saber garantindo assim um melhor aprendizado.
O fracasso na leitura pode ocasionar diversos problemas na vida social e escolar do indivíduo, e neste contexto, de modo geral, a leitura ainda é entendida como uma simples compreensão do sentido literal das palavras, ou seja, do sentido contido no dicionário e atribuído aos signos do texto. E como toda palavra é referência lingüística ao mundo, o educador acaba se contentando com a leitura da mensagem literal do texto e com os efeitos empíricos desta mensagem, podendo gerar como conseqüência o mau rendimento escolar. Mesmo na vida social, a criança ou   adolescente não possuirá um senso crítico, não compreenderá o mundo em que vive, será o que se entende por analfabeto funcional. Ler, de fato, não é tarefa simples, pois exige do leitor o trabalho sensível e inteligente de desconstrução do texto, ou seja, de reconhecimento do jogo complexo dos signos, tornando aquilo que parece trivial aos olhos de um leitor pouco crítico num modo simbólico e profundo de revelação particular da realidade humana. No entanto, o leitor ideal existe; e este não pode restringir o ato da leitura ao movimento único de decifração lingüística da mensagem do texto, mas deve completar este movimento receptivo pelo reconhecimento do uso social e ideológico dos signos, ativado pelo autor, na construção desta mensagem. Assim, autor e leitor, sujeitos históricos inseridos num determinado contexto, momento e espaço sociais, são elementos igualmente determinantes dos efeitos de sentido de um texto. Em outros termos, relacionar os signos de um texto com os sujeitos interlocutores implica competência intelectual do leitor para ler não só o conteúdo literal da mensagem, mas, sobretudo para descobrir as estratégias e mecanismos sociais de construção do sentido final da mensagem. Diversos fatores nos levam a concluir que vários sujeitos possuem hábitos inadequados de leitura.

O que a literatura pode resgatar e nos ensinar?

A leitura por si só nos traz um universo todo especial, e é por este tato que tentamos reconhecer o mundo que nos cerca e a nossa própria essência dentro de um simples texto. A experiência da leitura é a nossa aventura, a história romântica que vivemos pelo simples ato de abrir um livro, algo do encanto da descoberta da infância permanece em cada livro, em cada troca de página. Para muitos a leitura é sinal de felicidade. Quanto há de lúdico em uma breve leitura? Basta observar os desacertos das crianças no emprego correto das palavras. Quando a criança, ao começar a ler, ela seleciona cada palavra, cada som, e brinca com eles, ela se arrisca reordenando as frases e os sons de acordo com sua realidade, conforme o seu desejo. A experiência da leitura tem um poder estranho, uma energia única que cerca cada leitor, acende a imaginação, despertando em cada um a capacidade de imaginar o como seria e o que poderia ser. Dentre muitos poetas e pensadores, podemos nos reportar ao primeiro autor que referiu-se à  leitura como sinônimo de alegria e felicidade.
No século XVI, Miguel de Montaigne mostra seus estudos e se torna um dos precursores dos estudos do mundo da leitura, o homem como leitor. Suas idéias notáveis são bem ilustradas em seus famosos livros e em seus ensaios, que colocaram o homem na tela do juízo, fazendo da compreensão pela leitura o principal foco de conhecimento. Montaigne influenciou diretamente grandes pensadores como Nietzsche, Freud e até Marx. Todos eles nos ajudam até hoje a montar e a figura do homem no século XX.  Marx desvenda a face do interesse, o homem e a sua base material e social, Freud apresentou o homem e o seu inconsciente, sua personalidade. Mas é através de Nietzsche, que somaremos as questões dos valores em primeiro plano.
Nas diversas discussões sobre leitura, também podemos citar Gautier e Proust, que concordaram totalmente com as idéias de Montaigne: eles nos mostraram que a leitura é algo necessário, porém com limites. Segundo Proust, a leitura é capaz de nos dar algo que acende o desejo, mas não pode preenchê-lo. Ao acender este desejo, ela desperta a vida do espírito, mas não pode substituí-la. A leitura é algo que nos leva limitar a vida e o espírito, mas não a constitui. Quem deve constituir a vida é o leitor, o mesmo deve de algum modo descobrir por si só o seu universo. Ir além das palavras e da imaginação, compreender o que realmente o autor quer transmitir com suas palavras, pois texto se apresenta como uma operação cuidadosamente planejada, executada pelo autor, para provocar, no leitor, potenciais reações. 

A tarefa prazerosa de um leitor, não  pode sustentar-se no simples reconhecimento da história lida ou contada, mas deve expandir-se e concentrar-se na apreensão da complexidade e sedução da leitura, que aguarda o leitor, como um observador capaz de dividir com o autor um nível profundo de comunicação intelectual, filosófica e emocional, em que a cada "lambida de dedo" para virar uma página se constitua num espetáculo de descobertas e emoções.

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