quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Escrita executiva: escrever bem é coisa séria!

Por: Eliana Rezende

No mundo corporativo é usual vermos executivos muito preocupados com seu inglês. Investem tempo e recursos na tentativa de o aprimorar julgando que isso o tornará melhor profissional em sua área de atuação.

Todavia, relegam as tarefas de redação, escrita e correção às secretárias, advogados, assessores. Esquecem-se que redigir e expressar-se em sua própria língua é algo fundamental. Deixam de ter claro que saber encadear e expor ideias é tarefa de um bom executivo.


A escrita, tanto quanto a leitura e a fala, são instrumentos de comunicação, e que como tais necessitam de  sentido de clareza, objetividade e correção.

A escrita é boa quando flui inteligível e estreita caminhos entre quem está de um lado e de outro.

Noto que em meios corporativos a escrita técnica avassala de tal forma que as pessoas parecem estar mais preocupadas em reproduzir chavões prontos do que pensar em algo mais original e pessoal ao redigir suas comunicações, infelizmente. Perdemos todos!
Palavras tornam-se bordões, esvaziam-se de sentido e significado. É só pensar em  palavras como inovação, criatividade, resiliência, entre centenas de outras.

O tema é importante de ser tocado por que em vários casos as pessoas esperam ter solucionado seus problemas de escrita apenas pelo uso de um corretor ortográfico e, na melhor das hipóteses, com o inglês corporativo, esquecendo-se de que dominar a língua pátria é a melhor forma de comunicar ideias.

Ser um executivo significa comunicar-se, não apenas usando a linguagem verbal, mas também as formas de escrita: as palavras precisam ser lapidadas e construídas com esmero... sempre! Esmero aqui significa uma linguagem apropriada ao seu objetivo. Ninguém precisará perder horas de seu dia tentando entender um texto mal redigido ou com ideias truncadas. Sem falar em construções com falhas de concordância, ortográficas ou verbais. 
Óbvio está que há diferenças consideráveis e consistentes entre indivíduos e profissões. Nem tenho a presunção de achar que todos em todas as profissões escreverão com a mesma facilidade e propriedade.


O ponto a que me refiro aqui é a escrita como forma de comunicação institucional e corporativa. Aquela que possa servir para comunicar ideais e conceitos. Neste caso, vejo como sendo muito importante o saber colocar-se e se fazer entender com clareza e objetividade por todos. Também não considero problema recorrer a ajuda de um especialista em redação para limpar o texto de aspectos da língua, mas considero que a essência de ideias, o ritmo e fluidez dos pensamentos devem ser de seu autor.

Diferente do escritor literato que fará um caminho de escrita que dependerá de um leitor/interlocutor, o executivo terá um público diverso, onde os códigos de leitura aplicáveis serão bem diferentes. É preciso a paciência lapidar de busca, esmerilho... muitas vezes a poda. Sim! Requer muitas escolhas e muitas mudanças de rumo e caminho. Talvez por isso seja um caminho de resistência e paciência.

É desse exercício cotidiano que se ganha "intimidade" com as palavras que encadeadas exprimem ideias e iluminam caminhos: por isso, ao trabalho!
Em sua forma primeira o tripé fala, escrita e leitura compõem um sistema que se retroalimenta: quanto mais e melhor leio, melhor me expresso e mais facilmente serei capaz de transmitir o que penso a outros.
Com isso os horizontes se alargam e isto num cargo de liderança executiva é fundamental. Saber e fazer-se entender!

A comunicação aqui não é apenas a de um projeto. Pode estar na simplicidade de elaboração de um e-mail ou de uma minuta contratual. Um executivo precisa saber usar a língua vernácula de seu país e dar ao escrito inteligibilidade coerente. Tanto em sua forma (ortografia) quanto de seu conteúdo (ideia).

É essencial dizer que a comunicação é o cerne de tudo e que mais importante do que "como" seja que ela ocorra. Mas a comunicação exige como condição que de um lado haja um emitente e que de outro lado haja um receptor dessa mensagem, e que ambos consigam trocar, ou seja, usarem o mesmo código. Quando essa troca não ocorre houve falha nos objetivos.
A comunicação (veja, falo como leiga... um especialista faria isso melhor que eu) para ocorrer sem problemas não deve possuir "ruídos", e esse ruído pode ser gerado exatamente na forma como as palavras e ideias são colocadas e encadeadas. Sempre o objetivo principal é alcançar a harmonia. Tal como na música, é fundamental para contagiar, agradar e ser entendida por todos. Repare como pode ser agradável:


Escrever não é simplesmente aglutinar palavras e jogar ideias a esmo. É preciso que faça sentido lógico para que pessoas diferentes, e mesmo que não sejam de sua área específica, as compreendam. É preciso que as ideias estejam ordenadamente amarradas. Precisam fazer sentido. Isto fundamental!

A escrita citada aqui é um trabalho de respeito e esmero que temos que aprender a desenvolver em respeito ao outro. Talvez a grande dificuldade de muitos executivos é não ter essa "empatia" ao outro quando escreve. Parte-se sempre da ideia de que "irão entender!".

No caso aqui, a escrita executiva tem que ter objetividade e assertividade para fazer sentido em seu universo de produção.

Em geral, executivos não são dados há tantas sensibilidades, mas a boa escrita cabe em qualquer lugar.

Definitivamente não se delega a terceiros e pode ser aprendida e cultivada.

Daí que escrita executiva é coisa séria! 

Fonte: http://pensadosatinta.blogspot.com.br/2014/08/escrita-executiva-escrever-bem-e-coisa.html

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