A Comunicação Humana
Toda a história da humanidade sobre a Terra constitui permanente esforço de Comunicação. Desde o momento em que os homens passaram a viver em sociedade, seja pela reunião de famílias, seja pela comunidade de trabalho, a Comunicação tornou-se imperativa. Isso porque, somente por meio da Comunicação, os homens conseguem trocar idéias e experiências. O nível de progresso nas sociedades humanas pode ser atribuído, com razoável margem de segurança, à maior ou menor capacidade de Comunicação entre os povos, pois o próprio conceito de nação se prende a intensidade, variedade e riquezas das Comunicações humanas.
Esse esforço dos homens é de tal forma intenso, que, não satisfeitos de se comunicarem entre si, no presente, entregaram à Comunicação a tarefa de sobreviverem no futuro. Cada monumento da Antiguidade é a representação desse esforço, concretizando, pela Comunicação, o desejo de eternidade do homem.
A própria sociedade moderna pode ser concebida como a resultante do aperfeiçoamento progressivo dos processos de Comunicação entre os homens – do grunhido à palavra, da expressão à significação.
A Comunicação humana nasceu, provavelmente, de uma necessidade que se fez sentir desde os mais remotos estágios da Civilização. O caçador africano de pressa se familiariza com o som dos tambores ecoando nas florestas. Que fazem estes, senão transmitir mensagens, muitas vezes referindo-se à própria penetração do intruso? Sulcos mais profundos, que os machados de sílex abriam nos troncos das árvores, eram instrumentos de Comunicação entre os homens primitivos, indicando roteiros de selvas. Na colonização norte-americana, rolos de fumaça nas altas montanhas serviam à Comunicação entre os índios, de tribo para tribo.
A invenção da escrita foi das mais extraordinárias conquistas do homem, por ter tornado perene uma forma de Comunicação. A decifração dos hieróglifos abriu as portas da civilização egípcia, assim como a leitura da escrita cuneiforme revelou o mundo dos assírios e babilônios. Os colossos da Ilha de Páscoa contam alguma coisa dos primitivos povoadores: sua ânsia de Comunicação com os deuses, semelhante à dos templos da Grécia clássica e das catedrais da Europa Medieval.
Linguagem é Comunicação. Personalidade é Comunicação. Cada palavra, cada gesto é ação comunicativa, assim como é Comunicação cada página de livro, cada folha de jornal, cada som de receptor de rádio, cada imagem de televisão. Daí a importância da Comunicação no mundo moderno, ainda maior do que a que teve em todo o passado: a aula do professor, a conversa entre mãe e filha, a circular comercial, a carta de amor, o discurso parlamentar, o chamado telefônico, o memorando, o comício político, a reunião social, o telegrama expedido, o jato de luz dos faróis, o anúncio da Propaganda, o relatório científico, as bandeiras dos exércitos, o estrondo dos aviões a jato, a ordem de serviço, o livro de orações, as mensagens instantâneas, o e-mail, os blogs, os chats, o twitter, o retweeter, o zap, tudo, absolutamente tudo, é Comunicação. Estamos imersos num mundo de Comunicação, e não se vive um instante fora dele.
Não existe – afirma Gilbert Highet – “uma só atividade humana que não seja afetada ou que não possa ser promovida, através da Comunicação”. Nada mais natural, portanto, que o estudo da Comunicação humana seja colocado em lugar de destaque, embora essa posição, só muito recente, tenha-lhe sido reconhecida. Esse reconhecimento deve ter nascido da constatação de que, na maioria dos conflitos humanos existe um erro de Comunicação.
Sem o conhecimento da Comunicação humana, são precários os programas de Relações de Trabalho. As Relações Públicas dependem da Comunicação humana. A carência de líderes nas mais diversas atividades humanas pode ser resolvida pelo estudo da Comunicação. Liderança é Comunicação humana, sua própria essência; impossível liderar sem comunicar. É a Comunicação que legitima o comando, por meio do consentimento.
Nesse fascinante mundo da Comunicação humana, compreende-se que a própria ausência de Comunicação é Comunicação. Não está, por acaso, o silêncio entre os mais notáveis instrumentos de Comunicação humana? O dito popular: “Quem cala, consente” pode ser substituído por outro, mais exato: “Quem cala, comunica-se”.
O homem é aquilo que consegue comunicar a seu semelhante, na sociedade em que vive. O que V. pensa de Fulano depende do que ele conseguiu comunicar a V. sobre si mesmo.
O homem é um ser social por sua própria natureza, e a complexa questão da personalidade humana está, toda ela, na dependência da boa ou má capacidade da Comunicação individual. Assim, se colocarmos lado a lado dois indivíduos de habilitações profissionais idênticas, a Comunicação mais efetiva será o fator de decisão na escolha. Toda personalidade, pois, é comunicativa.
Na competitiva sociedade característica de nossa época, é importante a habilidade individual de projetar a personalidade, ou seja, de comunicar traços positivos de inteligência, pertinácia e capacidade.
É evidente, assim, para o indivíduo, a necessidade de estudar a Comunicação humana. Seu significado social é colocado por John Perry nos seguintes termos: “A capacidade dos homens para viver juntos e coordenar esforços, evitando conflitos ruinosos, é determinada, em grande parte, por suas aptidões para a Comunicação eficaz”.
A cooperação e o entendimento entre os homens ligam-se indissoluvelmente à capacidade humana de Comunicação. O esforço por uma Comunicação humana mais efetiva pode representar decisiva contribuição para um mundo melhor.
Referência: PENTEADO, J.R. Whitaker. A técnica da comunicação humana. SP: Cengage Learning, 2012.
Fonte: http://culturadetravesseiro.blogspot.com.br/2015/10/a-comunicacao-humana.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+CulturaDeTravesseiro+(Cultura+de+Travesseiro)
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