quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Descubra quais profissões serão valorizadas nos próximos anos!

Uma entrevista com Sidnei Oliveira autor de "Geração Y" que fala sobre as profissões mais atuais. Fique atento: a área da Linguagem está em alta, principalmente a linguagem digital!



Fonte: http://miriamfono.blogspot.com/2012/02/descubra-quais-profissoes-serao.html

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Amazon quer lançar Kindle a 199 reais no Brasil


Empresa quer entrar no mercado com a versão mais simples do aparelho.
A Amazon já tem planos delineados para começar a vender o leitor de livros eletrônicos Kindle no Brasil. De acordo com o site The Next Web, a versão básica do aparelho vai custar 199 reais, um valor bem menor que os quase 600 reais cobrados pelos concorrentes nacionais.

O modelo, comercializado por 79 dólares nos Estados Unidos, tem tela de 6 polegadas e utiliza tinta eletrônica. Por não ter tela luminosa, sua bateria pode durar até três semanas.

Em 2011, a Amazon começou a procurar parceiros para conteúdo e distribuição em território nacional e, em dezembro, anunciou a chegada de seus serviços de infraestrutura para empresas de internet, o Amazon Web Services (AWS). Com o serviço, companhias localizadas na América Latina podem executar programas e armazenar arquivos na nuvem – ou seja, não precisarão dedicar equipamentos físicos para essa finalidade.

Apesar de já avaliar o lançamento do seu produto mais conhecido, o site PublishNews aponta que a companhia corre para fechar as parcerias imprescindíveis até o final de março. Se tudo der certo, as operações devem começar em junho ou julho

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/amazon-quer-lancar-kindle-a-199-reais-no-brasil

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

ROGER CHARTIER: "A HUMANIDADE NUNCA LEU TANTO QUANTO HOJE"


por Carmen Guerreiro

Por um lado, a era digital faz com que os textos estejam mais disseminados. De outro, a população mundial é cada vez mais alfabetizada. Nesse cenário, descrito pelo historiador francês Roger Chartier, é papel da escola ensinar aos jovens que existem diferentes formas de ler para diferentes necessidades. E, se as salas de aula devem incorporar a presença de computadores, internet e tablets como ferramentas, também é fundamental que os professores continuem a trabalhar a leitura de livros clássicos. "Não porque eles são 'clássicos', mas porque, com outros, mas talvez melhor do que outros textos, ajudam a pensar sobre o mundo, natural ou social, a compreender as relações com os outros, a fazer as perguntas essenciais da existência e a desenvolver uma crítica às instituições, às informações, às autoridades", defende Chartier. Profundamente respeitado e estudado no Brasil e no mundo, Chartier é professor da Universidade da Pensilvânia e do Collège de France, diretor de estudos da École des Hautes Études en Sciences Sociales (Ehess), uma das mais importantes faculdades de história do mundo, e é considerado atualmente um dos principais pensadores no que se refere à história do livro e dos hábitos sociais de leitura. Em entrevista à repórter Carmen Guerreiro, o historiador francês fala sobre a importância das diferentes plataformas digitais para a leitura no mundo de hoje, e também frisa sua tese de que o texto muda de acordo com o meio no qual foi publicado - porque mudam também a formatação, a maneira de folhear ou fazer referências, a atenção que se exige. Além disso, o texto está sujeito ao próprio contexto de quem o lê. Para ele, classe social, idade, sexo, religião e outras características são fundamentais para determinar que tipo de leitura uma pessoa fará de um texto. Chartier lembra, no entanto, que na escola a leitura não pode ser reduzida a "exigências utilitárias". "Os livros devem também fazer sonhar, divertir, permitir a reflexão, desenvolver o espírito crítico", afirma.

O senhor defende que a leitura é muito pessoal e que seu significado depende do formato em que ela se apresenta e da interpretação que se dá ao texto. O que isso significa?
Toda leitura é um encontro entre um texto e um leitor. Mas, por um lado, o texto lido está sempre em um meio físico de escrita (um livro, uma revista, uma tela), o que contribui para o seu significado. Neste sentido, podemos dizer que formas materiais de escrita afetam o significado dos textos. Esta é a forma do objeto escrito, do formato do livro, do layout, da presença ou não da imagem, etc. Por outro lado, a liberdade de interpretação de cada leitor depende das habilidades, hábitos, normas e práticas de leitura que ele ou ela compartilha com outros leitores que pertencem à mesma "comunidade de leitura", definida por classe social, idade, sexo, religião, etc. A partir daí, surge a ideia de que um texto se transforma. Mesmo que ele não mude em sua literalidade, ao mudar de formas materiais e ao mudar seus leitores - ou leituras.

Como isso funciona na escola, em que se cobra a aquisição do mesmo conhecimento de todos os alunos?
Aplicada à classe, esta perspectiva deve levar à compreensão de como a materialidade dos textos lidos (no livro, na sala de aula ou na tela do computador) ajuda a indicar o seu status, seu uso, seu significado. E também para compreender o que se espera dessa leitura particular que é a leitura na escola, diferente em suas exigências e seus ensinamentos de outras leituras, feitas em casa ou em um espaço público.

O senhor defende que a revolução do livro eletrônico é talvez mais importante do que a descoberta de Gutenberg. Por quê?
Johannes Gutenberg inventou uma nova técnica para a reprodução de texto, acrescentando ou substituindo a imprensa para a cópia do manuscrito. Mas o livro antes ou depois de Gutenberg manteve suas mesmas estruturas fundamentais: as folhas dobradas, contidas em uma encadernação ou capa, e que distribui o texto em folhas e páginas. Este tipo de livro, que nomeamos códex (ou códice), estabeleceu-se no Ocidente entre os séculos 2 e 4 d.C., quando substituiu os rolos, que foram os livros dos gregos e romanos. Com o códice permitiu-se fazer ações antes impossíveis, como escrever lendo, fazer a paginação, um índice definido, folhear um livro, comparar facilmente diferentes passagens. Mas esta primeira revolução do livro não alterou a técnica de reprodução do texto, ainda atribuída somente à cópia do manuscrito. A revolução do e-book é uma revolução técnica (como a invenção da imprensa), uma revolução da plataforma da escrita (como a invenção do códex) e uma revolução na leitura, que desafia as categorias e práticas que definem a relação com a escrita desde o século 18.

Diz-se que os jovens de hoje são desinteressados pela leitura. Como a escola pode reverter esse quadro, levando em conta que precisa trabalhar os "clássicos" da literatura?
É seguro dizer que o diagnóstico que afirma a rejeição da leitura entre os jovens deve ser corrigido, tanto pelo sucesso de certas obras ou séries como pelo fato de que telas de computador são telas de texto. A humanidade nunca leu tanto quanto agora. Porque os textos estão em toda parte, porque a alfabetização se tornou necessária devido ao comércio e à administração, porque o mundo digital é basicamente um mundo por escrito. A questão é, portanto, a das práticas que não são mais da tradição literária ou de ensino. Daí o papel da escola. Ela deve ensinar as habilidades necessárias para nossos futuros cidadãos ou consumidores que serão confrontados com a escrita. Deve mostrar que existem diferentes maneiras de ler para diferentes necessidades. Também deve organizar a ordem dos discursos e, assim, manter o lugar dos "clássicos", não porque eles são "clássicos", mas porque, com outros, mas talvez melhor do que outros textos, ajudam a pensar sobre o mundo, natural ou social, a compreender as relações com os outros, a fazer as perguntas essenciais da existência e a desenvolver uma crítica às instituições, às informações, às autoridades.

A forma de dar aula vai mudar por conta das mudanças às quais os livros foram submetidos com o advento da plataforma eletrônica?
Não sei. O que eu sei é que as escolas devem ensinar todas as formas da cultura escrita (manuscrita, impressa, eletrônica), conscientizar os alunos de suas diferenças, e os acostumar a usar uma ou outra forma de escrever, para navegar no mundo dos textos como se faz em uma floresta. Sei também que os objetos eletrônicos inventados todos os dias representam um avanço técnico, mas também são mercadorias, que têm um custo abusivo para muitos e que geram lucros (nem sempre justificáveis por sua utilidade). É também uma lição que as escolas devem ensinar em uma crítica sobre a sociedade de consumo. Mas, é claro, um dos deveres das políticas públicas é tornar essas novas oportunidades acessíveis e familiares. Uma última coisa: nas palavras de Emilia Ferreiro, a presença de computadores ou de tablets em sala de aula não resolve por si só os problemas de aprendizagem e transmissão de conhecimentos - e, ao mesmo tempo, pode trazer a "tentação" de reduzir ou excluir o papel essencial dos professores.

Existem hoje experiências digitais com literatura, a exemplo do escritor norte-americano Robert Coover, que encabeça o movimento de "cave writing", no qual o "leitor" imerge em um ambiente 3D e interage com o cenário e personagens da história como se vivesse em seu mundo. Isso muda para sempre a forma como se faz literatura?
As experiências de escrita eletrônica, com ou sem 3D, ainda são marginais. E isso porque, provavelmente, se um autor espera de seu leitor a compreensão da obra que ele escreveu em sua coerência, sua identidade, sua totalidade (mesmo sem ler todas as páginas), o livro impresso continua até hoje o objeto material mais adequado para permitir este reconhecimento. Como sabemos, a leitura na frente da tela é fragmentada, descontínua, combina texto e hipertexto, mas não foca a obra em si. Daí a importância ainda marginal (menos de 10% das vendas nos Estados Unidos, menos de 5% nos países europeus) do mercado do livro eletrônico no negócio de venda de livros. Mesmo os autores que praticam amplamente a escrita eletrônica (aquela de blogs, sites, redes sociais) permanecem fiéis à publicação impressa. As experiências que você menciona vão mais longe porque o texto desaparece ou pode desaparecer em favor de um espaço habitado tanto pelos personagens da ficção quanto pelo leitor. O risco não é o de matar por esse realismo do irreal um dos mistérios da literatura, ou seja, o trabalho da imaginação a partir das palavras na página? O leitor parece ser mais livre na medida em que pode intervir na história, mas o preço dessa liberdade aparente não é o da mutilação de sua imaginação, inteiramente sujeita ao espaço definido para ele pelo autor?

Qual é a importância de livros que envolvam experiências digitais hoje para a cultura da leitura?
Uma das maiores mudanças no mundo eletrônico é a possibilidade, pela primeira vez, de associar em uma única produção textos, imagens e até sons e celulares, letras ou música. A cultura escrita deve aproveitar esta oportunidade para inventar "livros" novos, tanto de ficção quando para o saber. Não devemos deixar apenas ao mercado de entretenimento, por exemplo aquele dos jogos eletrônicos, a capacidade inédita de articular diferentes linguagens em um mesmo projeto estético ou intelectual, como fazem, por exemplo, as artes do espetáculo.

No Brasil, há certa desconfiança dos professores em relação aos e-books e a outros meios de leitura eletrônica. Por que o senhor acha que isso acontece?
Esta relutância ou resistência é muito compreensível (e ela é em parte minha também), já que o texto eletrônico desafia as categorias que definem a escrita, o livro, a obra. Quando ele é livre, gratuito, imediato, o texto eletrônico é muitas vezes coletivo, apaga o nome do autor, é fora da propriedade literária, e justapõe fragmentos. Quando se trata de escrever em forma de e-books, com textos publicados por edições que não permitem a cópia ou a impressão e que os "fecham" aos leitores, a relação é mais forte com o livro impresso, e não com a leitura descontextualizada de fragmentos, sem poder ou querer relatá-los na totalidade da qual eles fazem parte. A ruptura com a ordem da escrita que herdamos é forte e brutal, pois ela faz vacilar as noções de autor singular, de obra original e de propriedade intelectual. A consequência é, portanto, que se a escola não deve ignorar as plataformas de leitura eletrônica, ela deve ensinar seus usos e mostrar o que pode ser esperado em relação a formas mais convencionais de comunicação e publicação.

O que países como o Brasil, que ainda lutam com questões básicas como a alfabetização, podem fazer para transformar a leitura em uma prioridade?
O Brasil e outros países comparáveis fizeram ou fazem da entrada na cultura escrita de todos os seus cidadãos uma prioridade justa e necessária. Esta é a chave para que seja estabelecida uma cidadania verdadeira e a possibilidade de um desenvolvimento social e econômico. Mas saber ler e escrever não pode se reduzir a exigências utilitárias. Os livros devem também fazer sonhar, divertir, permitir a reflexão, desenvolver o espírito crítico. A escola deve mostrá-lo, assim como devem acontecer campanhas públicas de instalar o livro e a escrita no coração da cidade, por meio de feiras de livro, encontros nas livrarias, programas nos meios de comunicação visual.

Como um estudioso das tendências de leitura, qual é a sua previsão de como as crianças de hoje vão interagir com a leitura e com os livros como adultos?
Os historiadores são os piores profetas, estão sempre errados. Por isso, vou abster-me de qualquer previsão. Prefiro formular um desejo ou um sonho. Com a era digital e os textos eletrônicos, a humanidade possui uma terceira forma de composição, transmissão e apropriação da escrita, em adição aos dois precedentes: a impressão e a escrita manuscrita. Então, só podemos esperar que se estabeleça a coexistência entre essas três formas, que não correspondem nem aos mesmos hábitos de leitura, nem às mesmas necessidades da escrita. A impressão não removeu a publicação manuscrita, que sobreviveu até o século 19, e talvez mais tarde. A invenção do códice não fez os rolos desaparecerem totalmente nos tempos medievais. Por que a escrita eletrônica ou, mais genericamente, o mundo digital, deveria acabar com o controle manual da escrita, ou com as lógicas que controlam a publicação impressa de um livro, uma revista, um jornal, e que não são da web? A resposta depende, também, da nossa vontade coletiva.

Fonte: http://www.blogdogaleno.com.br/texto_ler.php?id=11153&secao=22

A Língua do Google: em busca do elo perdido

por Fernanda Caetano

A internet pretende ser, a cada dia, o meio facilitador de infinitas atividades do cotidiano de bilhões de pessoas em todo mundo. A um passo de se tornar um comunicador universal, a empresa Google lançou seu tradutor de textos em até 52 línguas quase que de forma conjunta instantânea, e estima-se que em dez anos o tradutor opere em 250 idiomas. Esse sistema tecnológico eficiente está presente nos computadores da Google e supera rivais como o Bing, da Microsoft, e o Babel Fish, da Yahoo. Na busca do elo perdido, ou seja, de uma linguagem única, o homem promete mais uma vez desafiar as fronteiras multilíngues impostas por Deus como no “castigo divino” sobre a Torre de Babel, de acordo com os textos bíblicos.

O tradutor do Google tem como objetivo principal uma língua universal que une culturas distintas sem que o usuário abra mão da língua materna. O que antes parecia ser ficção científica, as ferramentas tecnológicas operam como avanço de grande utilidade na aproximação de diferentes idiomas, inclusive o acesso a aplicativos de tradução simultânea em telefones celulares ou similares, um prelúdio para um tradutor universal. Essa inovação tecnológica é advinda do conhecimento acumulado em inteligência artificial, ramo da computação que desenvolve modelos e programas em máquinas com um comportamento “inteligente”. O banco de dados do Google iniciou suas traduções em 2006, a partir de textos da ONU, Organização das Nações Unidas, para seis idiomas.

O trabalho de tradução dessa tecnologia remete à Pedra de Roseta, um bloco de granito de 1,20m de altura encontrado pelo exército de Napoleão no século XVIII, e que culminou na arte de decifrar os hieróglifos egípcios e a língua dos faraós no século XIX pelos estudiosos Thomas Young e Jean-François Champollion. Os computadores operam com pares de textos em línguas diferentes e calculam a probabilidade de correspondência das palavras de um idioma a termos de outra. De acordo com o cálculo, o sistema é capaz de formar textos em 52 idiomas no momento da consulta.

Como língua franca de ampla comunicação, no passado tivemos o Latim e hoje, o Inglês tem permanecido como o idioma que reúne a maioria dos textos científicos que permitem o acesso do usuário a diversas especialidades. Dessa forma, ele se vê diante de uma vasta biblioteca com o auxílio da tradução instantânea. Embora os usuários que utilizam a tradução instantânea saibam do que tratam os textos em outros idiomas, erros gramaticais, de concordância e de sentido são perceptíveis e podem atrapalhar a compreensão, tradução e produção de textos. Isso se deve ao fato de que um recurso tecnológico, no qual o próprio usuário contribui com o banco de dados do Google, sugerindo traduções alternativas àquelas fornecidas pelo tradutor sem o controle lingüístico das informações.

Com a agilidade dos sistemas de tradução simultânea, o processo de aquisição de uma nova língua, dizem os críticos na reportagem, estará defasado. Segundo o lingüista britânico David Crystal, “quando têm a oportunidade de escolha, as pessoas preferem se expressar no idioma materno”. O problema é que o contato com outro idioma não acontece somente quando mediado por computador. O ensino-aprendizagem de uma nova língua contribui para o conhecimento não só da língua-alvo, mas também da cultura e das relações humanas acima de tudo. De acordo com o filósofo italiano Luciano Floridi “seria um erro abandonar de vez o hábito de aprender línguas, pois conhecer um idioma é uma experiência insubstituível, um mergulho em outra cultura.” O que resta ao professor e ao aprendiz de línguas é assumir uma postura crítica de sua atuação profissional e seu papel no ensino de línguas estrangeiras. E, ainda, desenvolver suas competências na aquisição de conhecimento teórico e prático, seja em sala de aula, seja fora dela, mediadas por computador ou não.


Fonte: http://sala.org.br/resenhas/a-lingua-do-google-em-busca-do-elo-perdido

Conectados ao mundo por línguas e tecnologias


por José Carlos Paes de Almeida Filho

A língua em que nascemos e crescemos é a língua em que nos reconhecemos como as pessoas que nos tornamos. Nós nos tornamos a língua e ela o nosso retrato de turma. Ela tece a teia na qual nos dependuramos para sermos nós, o que somos, o que fomos e o que desejamos ser. Mas as outras línguas que vimos a adquirir depois da primeira também nos constroem como as pessoas que vamos nos tornar.

Tudo na nossa primeira língua acaba sendo tão natural que nos esquecemos completamente de como a adquirimos. Por isso, essa língua de nossa fundação nos parece tão familiar que culminamos por pensar que o mundo é feito naturalmente pela e na nossa própria língua. “Água”, “paz” e “saudade” significam o que parece ter sido criado já em Português. Água é água e nunca poderia ser outra coisa ou ter outro nome!

Mas o mundo não é populado por monolíngues. Nem a maioria dos humanos em toda a face da terra é monolíngue. Na verdade, a maior parte dos terráqueos é bi ou multilíngue. É mais frequente (e natural?) ser articulado em mais de uma língua no mundo. E ser capaz de transitar comunicativamente em mais de uma língua como praxe no cotidiano não só é normal como dá indícios de que faz bem aos linguajantes.

No Brasil, as classes letramentadas (iniciadas com sucesso no manejo da língua escrita e transformadas por esses fato) valorizam a educação que inclui experiências de aprendizagem de pelo menos uma outra língua na escola ou fora dela. Mesmo quando a escola oferece experiências de aprender de qualidade duvidosa ou nula, mesmo assim as famílias e as próprias pessoas ainda insistem na aprendizagem de outra(s) língua(s) pagando por ela em escolas de idiomas, professores particulares, cursos EAD na rede ou cursos e experiências no exterior. Esse é um fenômeno brasileiro dado que é muito pouco usual ocorrer isso em outros países com características sócio-econômicas parecidas com as do Brasil. Temos um lugar para as línguas d’além fronteiras e a rainha delas é uma que dizem já pertencer a todos dado que circula com desenvoltura como liga de comunicação entre os que falam outros idiomas pelo mundo.

Fonte: http://sala.org.br/almeida-filho/conectados-ao-mundo-por-linguas-e-tecnologias-3

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Como não fazer um artigo


Essa é a opinião de Gilson Volpato, professor do Departamento de Fisiologia do Instituto de Biociências de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que em seu novo livro, Pérolas da redação científica, analisa criticamente 101 equívocos comuns – ou “pérolas”.

Volpato vem apresentando pelo país cursos sobre redação científica e publicou outros cinco livros sobre o assunto, sendo o mais recente desses Bases teóricas da redação científica ... por que seu artigo foi negado, lançado em 2007.

“Apresento quase um curso por semana sobre o tema, procurando ajudar pesquisadores a conseguir publicações em revistas internacionais de alto nível. Mas também há muitos que, de forma involuntária, têm feito o serviço contrário. Desenvolveu-se, no Brasil, uma cultura de publicação equivocada. Boa parte dos artigos nacionais, mesmo com tradução correta, será recusada em revistas importantes, por terem equívocos conceituais”, disse à Agência FAPESP.

Com a experiência acumulada nos cursos e em seu convívio com o meio acadêmico, Volpato decidiu produzir um inventário dos principais equívocos da redação cientifica. “A ideia foi abordar os erros mais gritantes. O resultado foi essa coleção de ‘pérolas’ da cultura nacional de publicação”, disse.

Na obra, o autor analisa os equívocos, faz conjecturas sobre suas origens, discute suas consequências na prática e oferece correções com base nos padrões internacionais de produção científica.

Segundo ele, os conceitos de comunicação no setor sofreram grande mudança a partir da década de 1990, que se acentuou ainda mais nos últimos dez anos, em parte por causa do advento da internet.

“Muitos pesquisadores cometem equívocos e alegam que estão apenas seguindo os procedimentos adotados por seus orientadores há 30 anos. Mas as coisas mudaram e a comunicação científica evoluiu. Os leitores vão se surpreender, pois muitas das pérolas descritas no livro irão corresponder exatamente ao que eles continuam ouvindo de seus orientadores”, afirmou.

A internet, segundo Volpato, subverteu a lógica das revistas científicas, causando impacto nas necessidades e objetivos dos artigos. “Antes o veículo era o foco. O assinante recebia uma determinada revista científica e ali entrava em contato com diversos artigos. Hoje ocorre o inverso. A pessoa faz uma busca por palavras-chave na internet e chega ao artigo diretamente. Eventualmente, o cientista fica conhecendo a revista por meio do artigo e não o contrário”, disse.

Se antes da internet o leitor precisava ir em busca dos autores, hoje os autores procuram chegar aos leitores. “Antigamente o leitor precisava ir heroicamente atrás dos poucos artigos disponíveis. Mas agora ele precisa fazer uma triagem dos milhares de artigos a que tem acesso. Com isso, a necessidade de se fazer uma comunicação eficiente é muito mais importante – e esse fato está mudando a estrutura dos artigos”, declarou.

Nessa nova lógica, os velhos hábitos de redação científica se transformam em “pérolas” recorrentes, segundo Volpato. Um dos equívocos, por exemplo, é acreditar que o número de referências bibliográficas implica qualidade científica. Outro, consiste em achar que todos os dados coletados no projeto devem fazer parte do texto.

“Vemos equívocos de todos os níveis. Um exemplo é achar que estudos quantitativos são mais robustos que os qualitativos. Outro é acreditar que a redação cientifica exige regras rígidas de estilo – ou que a voz passiva é característica do inglês científico. Achar que o título deve conter, necessariamente, o nome da espécie de estudo. Há também pérolas que são fruto do conservadorismo, como sustentar que introdução e justificativa são itens separados. Ou achar que revistas eletrônicas têm menos prestígio que as impressas”, destacou.

Textos em inglês

Para Volpato, a globalização das revistas científicas de alcance internacional está nivelando as publicações por cima. Essa consequência positiva, entretanto, deverá forçar também para cima o nível de exigência para aceitação dos artigos.

“A maioria das revistas brasileiras, mesmo as que estão na base ISI, é citada apenas por brasileiros. Poucas são, de fato, internacionais e temos que melhorar nosso nível. O primeiro passo, claro, é que a publicação seja em inglês. Temos que compreender que o fato de uma publicação ter alcance internacional tem uma consequência benéfica para a ciência: a seleção dos artigos é feita por pessoas de várias culturas e isso representa um crivo crítico de maior qualidade”, afirmou.

O livro, de acordo com Volpato, é direcionado para a redação científica em geral, incluindo todas as áreas das ciências biológicas, ciências da vida, humanas e exatas.

“O foco está no que chamamos de ciência empírica – que é aquela ciência que precisa de dados para ter conclusões. Portanto, não se aplica muito bem à filosofia, por exemplo. Mas poderá ser utilizado pela maior parte dos pesquisadores das outras áreas”, disse.

* Pérolas da redação científica
Autor: Gilson Volpato
Lançamento: 2010
Preço: R$ 36

Fonte: http://sala.org.br/textos-em-la/como-nao-fazer-um-artigo

domingo, 22 de janeiro de 2012

O conhecimento humano é um direito de todos #StopSopa


Por Cleyton Carlos Torres

Ninguém é utópico o bastante para crer que a internet é totalmente livre, sem restrições ou cerceamentos. A web é fiscalizada o tempo todo. Grande parte da "polícia de plantão" faz parte do time dos bacanas. Google, Facebook e outros sites descolados da chamada web 2.0 são os principais responsáveis por "selecionar" aquilo que você lê, escuta, assiste e busca.

Logicamente que essa tarefa funciona mais como uma rota para o usuário. Alguns percebem, outros não. São responsáveis pelas "bolhas de filtros", onde parte entra e parte dai da sua esfera digital pessoal. O ativista digital Eli Pariser, autor do livro The filter bubble, aborda como as principais empresas da web querem entregar um conteúdo cada vez mais customizado para os usuários, mas que por tabela acabam causando uma miopia generalizada.

Deixando radicalismos de lado, corre no Congresso americano um projeto de lei que pode mudar para sempre a curta história da web. A SOPA, sigla em inglês para Stop Online Piracy Act, visa combater a prática da pirataria, mas em troca vai causar um sufocamento nunca antes visto nos usuários. Portais poderão sair do ar sem ordem judicial e internautas poderão ser presos.

A Wikipedia, em protesto ao projeto de lei, usa a frase "imagine um mundo sem conhecimento livre" estampada em seu portal. Google, Facebook e Twitter não aderiram ao movimento do blecaute, que desligaria por 24 horas seus serviços. Quem está certo e quem está errado? Independentemente da sua resposta, quem sofre é o usuário.

Se aprovada, a lei tem tudo para mudar como enxergamos a web 2.0 em todo o planeta, já que as maiores empresas da internet são americanas, assim como os principais estúdios, grandes ativistas da lei. Porém desligar os serviços é uma ótima maneira de chamar a atenção do mundo, mas peca no quesito compromisso com a sociedade. Que culpa nós temos? A briga é de gigantes, mas quem paga são os pequenos.

Fonte: http://www.blogmidia8.com/2012/01/o-conhecimento-humano-e-um-direito-de.html#.Txm-jwG-G0Y.facebook