segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Conectados ao mundo por línguas e tecnologias


por José Carlos Paes de Almeida Filho

A língua em que nascemos e crescemos é a língua em que nos reconhecemos como as pessoas que nos tornamos. Nós nos tornamos a língua e ela o nosso retrato de turma. Ela tece a teia na qual nos dependuramos para sermos nós, o que somos, o que fomos e o que desejamos ser. Mas as outras línguas que vimos a adquirir depois da primeira também nos constroem como as pessoas que vamos nos tornar.

Tudo na nossa primeira língua acaba sendo tão natural que nos esquecemos completamente de como a adquirimos. Por isso, essa língua de nossa fundação nos parece tão familiar que culminamos por pensar que o mundo é feito naturalmente pela e na nossa própria língua. “Água”, “paz” e “saudade” significam o que parece ter sido criado já em Português. Água é água e nunca poderia ser outra coisa ou ter outro nome!

Mas o mundo não é populado por monolíngues. Nem a maioria dos humanos em toda a face da terra é monolíngue. Na verdade, a maior parte dos terráqueos é bi ou multilíngue. É mais frequente (e natural?) ser articulado em mais de uma língua no mundo. E ser capaz de transitar comunicativamente em mais de uma língua como praxe no cotidiano não só é normal como dá indícios de que faz bem aos linguajantes.

No Brasil, as classes letramentadas (iniciadas com sucesso no manejo da língua escrita e transformadas por esses fato) valorizam a educação que inclui experiências de aprendizagem de pelo menos uma outra língua na escola ou fora dela. Mesmo quando a escola oferece experiências de aprender de qualidade duvidosa ou nula, mesmo assim as famílias e as próprias pessoas ainda insistem na aprendizagem de outra(s) língua(s) pagando por ela em escolas de idiomas, professores particulares, cursos EAD na rede ou cursos e experiências no exterior. Esse é um fenômeno brasileiro dado que é muito pouco usual ocorrer isso em outros países com características sócio-econômicas parecidas com as do Brasil. Temos um lugar para as línguas d’além fronteiras e a rainha delas é uma que dizem já pertencer a todos dado que circula com desenvoltura como liga de comunicação entre os que falam outros idiomas pelo mundo.

Fonte: http://sala.org.br/almeida-filho/conectados-ao-mundo-por-linguas-e-tecnologias-3

Nenhum comentário:

Postar um comentário