por Jussara Dutra Izac
Arquitetura da informação é a expressão-chave quando se fala em conteúdo web com qualidade. Aplicar um raciocínio arquitetônico para dispor as informações em sites, portais ou intranets, de maneira organizada e atraente, é determinante para valorizar os textos oferecidos e facilitar sua compreensão.
Essa abordagem é tão essencial porque o grande diferenciador da linguagem de internet em relação à escrita e outras formas de expressão é o hipertexto, ferramenta que elimina linearidade própria de outras formas de discurso. Com o hipertexto, o leitor lê o texto na ordem que quer e escolhe as partes de seu interesse.
O jornalista e publicitário Bruno Rodrigues, autor do livro “Webwrinting: Redação e Informação para a Web”, comenta no texto Escrevendo na web que uma das características da linguagem digital é que o texto deve ser estruturado em camadas, de forma que os diversos públicos tenham acesso às informações que desejam de forma rápida e eficiente.
Ele usa como exemplo a publicação do perfil de uma empresa em sua home page e explica: um estudante do primeiro grau pode precisar, para sua pesquisa de escola, de informações sobre a história da empresa; um jovem de segundo grau talvez se interesse pelas ações de responsabilidade social; e um profissional formado pode querer conhecer as relações comerciais da companhia com o exterior. Com a técnica das camadas é possível organizar um grande volume de informação em pequenos blocos de texto, que tornam a pesquisa ágil e atrativa para todos os públicos.
A explicação de Rodrigues demonstra o quanto a linearidade foi suprimida da rede. No caso, nenhum internauta vai ler todo o perfil da companhia em questão, mas todos deverão obter a informação que procuram. Resumindo, ele aconselha: “Dê preferência a textos curtos, mas não deixe faltar informação”.
Para professora da PUC-SP, Pollyana Ferrari, a principal diferença da linguagem digital em relação à expressão escrita está na forma de hierarquizar a informação, com base em um sistema de referências. Nesse sentido, ela considera que, além da estrutura de camadas, comentada por Rodrigues, o fundamental é saber indexar os dados, criar links adequados e usar palavras que sejam facilmente encontradas pelas ferramentas de busca. “As pessoas precisam entender que a internet – e as intranets – são veículos de comunicação, mas também são bancos de dados, onde o que fica armazenado deverá ser encontrado facilmente”, analisa.
Uma regra aceita pelo mercado web é que qualquer informação deve ser encontrada com até três cliques. Parece fácil, mas na prática a maioria dos sites não segue a orientação. “E isso acontece porque a maioria das pessoas ainda pensa na estrutura do texto para o papel”, destaca Pollyana, que também presta consultoria na área e tem dois livros publicados: “Jornalismo Digital” e “Hipertexto, Hipermídia”.
Segundo a especialista, tanto é difícil pensar em termos de arquitetura da informação que um dos cursos mais procurados atualmente por profissionais da área é o de indexação. O webwriting – ou escrita para o ambiente web – é composto pelo conjunto dos elementos texto, design e tecnologia. “É preciso haver uma integração dos três: texto correto e atrativo, design amigável e conhecimento da tecnologia para explorar melhor as possibilidadades”, resume Pollyana.
Referindo-se ao texto propriamente, Rodrigues ressalta que a escrita para web deve ser informativa e criativa, pode conter certo humor e necessita de um toque de persuasão. Mas fundamentalmente, afirma ele, antes de escrever é preciso pensar, exercitar um raciocínio amplo sobre o ambiente web e a conexão entre o conteúdo e as várias possibilidades de exibi-lo.
Como escrever bem em ambiente web
Estilo – A combinação dos estilos jornalístico e publicitário é o ideal para a internet. Essa mistura agrega ao caráter informativo do jornalismo, um toque de persuasão próprio da publicidade.
Estética – Aproveitar os recursos da internet para valorizar o texto. A parceria afinada entre webwrighting e webdesign é essencial para conseguir resultados de qualidade.
Objetividade – Tanto os textos devem ser curtos, quanto o volume de informação visual deve ser bem dosado. Banners e janelas demais confundem e cansam o internauta.
Correção – A norma culta da língua portuguesa deve ser respeitada em qualquer meio de comunicação, seja digital, impresso ou eletrônico. Escrever corretamente é o mínimo que se pode exigir de qualquer pessoa que deseje se expressar na web.
Concepção – Texto para web é para web. Jamais transfira um conteúdo pensado para mídia escrita para o ambiente de rede.
Fonte: http://www.senado.gov.br/portaldoservidor/jornal/jornal99/informatica_linguagem_digital.aspx
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