A Sala de Imprensa do Simpósio Hipertexto conversou com José Moran, professor, pesquisador e gestor de cursos online da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (Eca/USP). Em uma engajada entrevista digital o conferencista do evento nos revelou muito da sua linha de pensamento sobre a evolução da educação. O resultado do bate-papo você pode ler a seguir:
Como as tecnologias da educação podem reabilitar o Humanismo.Desafios da Educação Humanista para aliar, efetivamente, os bem-estares pessoal e organizacional e desenvolver uma aprendizagem capaz de se situar entre a previsibilidade institucional e a imprevisibilidade das redes sociais.
Por Cláudio Eufrausino
José Manoel Moran, professor da Universidade de São Paulo (USP) participará da 5ª edição do Simpósio Hipertexto e Tecnologias da Educação: evento que tornou Recife parada obrigatória para estudiosos de todo o País. Na ocasião o pesquisador promoverá um debate decisivo para os rumos da sociedade: como tornar viável a Educação Humanista, que enfrenta o desafio de reaproximar razão e emoção. Ao procurar respostas, o estudioso aponta maneiras de enfrentar um dos mais resistentes mitos pavimentados pelo Ocidente: a ideia de que pensar e sentir são opostos irreconciliáveis.
José Manoel Moran, professor da Universidade de São Paulo (USP) participará da 5ª edição do Simpósio Hipertexto e Tecnologias da Educação: evento que tornou Recife parada obrigatória para estudiosos de todo o País. Na ocasião o pesquisador promoverá um debate decisivo para os rumos da sociedade: como tornar viável a Educação Humanista, que enfrenta o desafio de reaproximar razão e emoção. Ao procurar respostas, o estudioso aponta maneiras de enfrentar um dos mais resistentes mitos pavimentados pelo Ocidente: a ideia de que pensar e sentir são opostos irreconciliáveis.
Moran atua como pesquisador e gestor de cursos online, além de ser autor de diversos livros, como Educação a Distância – Pontos e Contrapontos e A Educação Que Desejamos – Nossos Desafios e Como Chegar Lá. Neles, o autor investiga como a dificuldade de gerenciamento das emoções e da ética torna a aprendizagem lenta: ponto de vista que contesta a crença tradicional de que lentidão no aprendizado é sintoma de déficit intelectual.
Os estudos do pesquisador apontam as tecnologias da informação e da comunicação como aliadas no processo que torna a educação humanista componente indispensável ao bem-estar das pessoas e das organizações, dentre as quais as escolas e as empresas.
Pensando a educação como uma resultante de forças, razão e emoção não seriam vetores opostos, que paralisariam o sistema? Como conciliar razão e emoção em torno do que você chama de Educação Humanista Inovadora?
Prof. José Manuel Moran - Razão e emoção são componentes fundamentais do conhecimento. A separação que fizemos no ocidente durante dois mil e quinhentos anos (desde Platão e Aristóteles) não se sustenta cientificamente, à luz dos estudos atuais sobre a mente humana (como, por exemplo, os do Antônio Damásio).
A educação só faz sentido se se preocupa com as pessoas como um todo, com a sua inteligência, sensibilidade, emoção, atitudes e valores. A educação faz sentido se for integral, integrada, abrangente. A educação humanista é o processo de ajudar as pessoas a que aprendam a evoluir em todas as dimensões, e para que consigam fazer melhores escolhas em todos os campos.
O equilíbrio entre razão e emoção nos ajuda a compreender, sentir, decidir e agir de forma mais coerente e estimulante. Infelizmente, a maior parte das pessoas tem dificuldades em fazer essa integração; por isso, complicam sua vida e a dos que convivem com elas. Todas as decisões racionais sofrem a interferência de nossas emoções e de outras componentes mais complexas como as culturais.
Quanto mais nos desenvolvemos racionalmente e emocionalmente, mais clareza vamos adquirindo das interferências nas nossas decisões. Por isso, a educação humanista é importante: para avançarmos na consciência do conhecimento complexo, que leva em consideração todas as variáveis pessoais e sociais.
Num contexto em que o utilitarismo e a vantagem própria parecem ser os grandes motivadores da aprendizagem, como trazer o humanismo para a educação sem que a vertente empreendedora seja negligenciada, valorizando-se, em contrapartida, um romantismo inócuo?
Prof. José Manuel Moran - A visão humanista não é imobilista, nem leniente com os que querem obter vantagens indevidas. A educação humanista pode e precisa ser articulada com a visão empreendedora, integradora e de longo prazo. Pode ser que numa competição de curta duração, o humanista seja ultrapassado, de imediato, pelo espertalhão, mas a vida é uma corrida de longo prazo, onde vale a persistência, a coerência e os valores pessoais, organizacionais e sociais praticados.
As mudanças demorarão mais do que alguns pensam, porque nos encontramos em processos desiguais de aprendizagem e evolução pessoal e social. Não temos muitas instituições e pessoas que desenvolvam formas avançadas de compreensão e integração, que possam servir como referência. Predomina a média, a ênfase no intelectual, a separação entre a teoria e a prática.
Temos grandes dificuldades no gerenciamento emocional e ético, tanto no âmbito pessoal quanto no organizacional, o que dificulta o aprendizado rápido. São poucos os modelos vivos de aprendizagem integradora, que junta teoria e prática, que aproxima o pensar do viver.
Somente podemos educar para a autonomia, para a liberdade, com processos fundamentalmente participativos, interativos, libertadores, que respeitem as diferenças, orientados por pessoas e organizações livres.
Como a Educação Humanista pode potencializar os ganhos tecnológicos para a emancipação humana, evitando a tendência da técnica de tomar o lugar de atuação das pessoas e de inseri-las em rotinas mecanizadas e “desumanizadas”?
Prof. José Manuel Moran - Em meio a muitas contradições e dificuldades, conseguimos incorporar a tecnologia no que tem de libertadora e sair das armadilhas da dependência dela e de qualquer outra dependência.
Como pessoas, grupos e sociedade estamos aprendendo a emancipar-nos, a evoluir sempre mais. Infelizmente muitos – individual e organizacionalmente – ainda procuram atalhos para dominar, controlar, explorar, enganar. As tecnologias podem ajudar-nos a evoluir ou a controlar.
A educação é a soma de todos os processos de transmissão do conhecido, do culturalmente adquirido e de aprendizagem de novas ideias, procedimentos, soluções, realizados por pessoas, grupos, instituições, organizada ou espontaneamente, formal ou informalmente. Estamos numa fase de transição: nem estamos no modelo industrial (embora mantenhamos muitas de suas estruturas organizacionais e mentais) nem chegamos ao modelo da sociedade do conhecimento, embora parcialmente incorporemos alguns dos seus valores e expectativas.
A sociedade é educadora e aprendiz, ao mesmo tempo. Todos os espaços e instituições educam – transmitem ideias, valores normas – e, ao mesmo tempo, aprendem.
Quanto mais tecnologias avançadas, mais a educação precisa de pessoas humanas, evoluídas, competentes, éticas. A sociedade torna-se cada vez mais complexa, pluralista e exige pessoas abertas, criativas, inovadoras, confiáveis. O que faz a diferença no avanço dos países é a qualificação das pessoas. A educação com profissionais mais evoluídos nos mostrará caminhos mais avançados de integrar o humano e o tecnológico; o racional, sensorial, emocional e o ético; o presencial e o virtual; a escola, o trabalho e a vida em todas as suas dimensões.
Como os professores, com auxílio das tecnologias da educação, podem diminuir a distância que os separa das crianças? E no caso dos adolescentes e da educação de adultos e idosos? Como lidar com o peso do analfabetismo tecnológico que se sobrepõe às carências de educação básica?
Prof. José Manuel Moran - Ser um bom profissional da educação, hoje, implica também aprender a ensinar numa sociedade que está sofrendo profundas transformações em todos os setores da vida social e que agora são perceptíveis também nas organizações educacionais.
Há questões que só se resolvem em médio prazo, com maior investimento na formação, remuneração, carreira e valorização profissional. Um professor hoje pode, com apoio das tecnologias móveis e em rede, informar e explicar menos e orientar mais como aprender, organizando atividades significativas em que os alunos participem mais ativamente.
O grande gargalo é a formação continuada dos profissionais para o domínio técnico e pedagógico destas tecnologias em cada fase da vida dos alunos, da educação infantil até a educação da terceira idade. Essa formação costuma ser fragmentada, descontínua. Muitos professores também não são proativos. Esperam que tudo venha do Governo ou da diretoria das escolas.
As tecnologias móveis desafiam as instituições a sair do ensino tradicional em que os professores são o centro, para uma aprendizagem mais participativa e integrada, com momentos presenciais e outros online, mantendo vínculos pessoais e afetivos, estando juntos virtualmente.
Na maioria das escolas, há um descompasso com o cotidiano. A escola não aproveita o potencial mobilizador dos games, celulares, tablets, da comunicação pelo Twitter, Skype ou Facebook ou programas semelhantes.
As inovações mais promissoras encontram-se em escolas que têm tecnologias móveis na sala de aula, utilizadas por professores e alunos. Partem de situações concretas, de histórias, cases, vídeos, jogos, pesquisa, práticas e vão incorporando informações, reflexões, teoria a partir do concreto. Quanto menores os alunos, mais práticas precisam ser as atividades.
Não podemos dar tudo pronto, empacotado. Aprender exige envolver-se, pesquisar, ir atrás, produzir novas sínteses fruto de descobertas. O modelo de passar conteúdo e cobrar sua devolução é ridículo. Com tanta informação disponível, o importante para o educador é encontrar a ponte motivadora para que o aluno desperte e saia do estado passivo, de espectador. Aprender hoje é buscar, comparar, pesquisar, produzir, comunicar. É interessante organizar pesquisas em pequenos grupos, participar de desafios ou gincanas em que os tablets ou smartphones possam ser úteis tanto para coletar informações, organizá-las, como para comunicar-se com colegas que estão distantes.
No ensino superior presencial os modelos blended learning são os mais interessantes: parte em sala de aula e parte online, com atividades integradas e sinérgicas. A tendência é para uma convergência maior entre os cursos presenciais e os à distância, com projetos pedagógicos, equipes e plataformas integrados. Isso favorece a mobilidade de alunos e professores. Alunos podem migrar de uma modalidade para outra sem problemas, podem fazer algumas disciplinas comuns. Professores podem participar das duas modalidades e ter maior carga docente. Isso permite que processos, produtos e metodologias operem interativamente, reduzindo custos e aumentando sua visibilidade.
Como as tecnologias na educação lidam com a difícil escolha entre educação formal/técnica/rígida e educação libertadora/criativa/flexível?
Prof. José Manuel Moran - As tecnologias são utilizadas na escola tanto para reforçar o ensino convencional, mais rígido, centrado no professor e no conteúdo, como para promover uma educação mais libertadora, criativa e flexível. O importante é o projeto educativo que a escola tem e a execução desse projeto por gestores e professores abertos para as mudanças de hoje.
Com os avanços das redes e da mobilidade, as pessoas estão aprendendo de forma muito mais flexível, horizontal, informal, sem depender somente dos mestres. A aprendizagem em grupos, em pares, entre pessoas de diversos países é cada vez mais ampla e fascinante. Como podemos aprender equilibrando a organização previsível que as instituições escolares propõem com a imprevisibilidade da aprendizagem informal nas redes sociais?
Além da mobilidade, há avanços nas ciências cognitivas: aprendemos de formas diferentes e em ritmos diferentes. Não precisamos dar o mesmo conteúdo e atividades para todos, no mesmo ritmo. Temos soluções tecnológicas que orientam os professores sobre como cada aluno aprende, em que estágio se encontra, o que o motiva mais e monitorar esses avanços.
Muitos aprendem intercambiando conhecimentos interpessoais, por exemplo, em portais como o Livemocha, onde pessoas de 190 países aprendem e ensinam línguas simultaneamente. Quem sabe português ajuda a pessoas de outros países e é ajudado por elas para aprender línguas estrangeiras, gratuitamente. O portal Riffworld incentiva o compartilhamento e a divulgação de músicas de autoria, de sua execução pública pela WEB a custo zero. Redes como Itsnoon e Festival de Ideias divulgam projetos sociais interessantes, que convidam a que outros participem, contribuam, colaborem. Estas iniciativas – entre muitas outras semelhantes – confirmam a importância que hoje adquiriu o conhecimento compartilhado, o intercâmbio de saberes, a quebra de barreiras formais e a importância de encontrar canais de aplicação desses conhecimentos em projetos concretos, compartilhados.
Há ofertas de cursos hoje muito mais variadas que anos atrás. Os cursos massivos online (MOOCs) trazem situações muito desafiadoras. Começaram com o acesso a professores e materiais muito ricos e de forma aberta. Temos propostas de cursos massivos estruturados, planejados antes em todos os seus passos, com a previsão do que os alunos devem fazer em cada etapa. São os xmoocs, de estrutura mais hierárquica e previsível.
Ao mesmo tempo também são oferecidos cursos online massivos, com foco na intensa colaboração, participação dos alunos. São os cmoocs que focam a geração de conhecimento através da criatividade, a autonomia e a aprendizagem social em redes. O planejamento não é fechado, nem previsível pelas equipes de produção totalmente. Os participantes do curso pesquisam soluções para situações concretas, desenvolvem propostas viáveis, contribuem ativamente para o seu resultado, colaboram, discutem, publicam, trazem suas experiências e conhecimentos consolidados, que são valorizados pelo(s) professor(es) de cada curso.
A ideia de que é possível cultivar uma educação que dispensa a rigidez e trabalha só no polo da flexibilidade não é uma forma de eximir o Estado e os educadores da complicada tarefa de educar as novas gerações, cada vez menos afeitas a controles institucionais?
Prof. José Manuel Moran - A educação não se esgota na escola. A sociedade educa através da família, grupos, organizações, mídias. Todos somos corresponsáveis pelo sucesso ou fracasso educativo individual e coletivo. A educação formal organiza uma parte desse processo mais amplo, que é o ensino de conteúdos, habilidades, competências e valores importantes para o país, para a transmissão da cultura passada e orientar para escolhas pessoais e profissionais futuras.
O Estado é diretamente responsável pela educação formal escolar e pela educação de adultos. Precisa oferecer oportunidades de educação continuada para todos, de atualização profissional, de desenvolvimento de competências no mundo digital. Mas todos nós, cidadãos, participamos na educação integral de cada criança e jovem, na interação rica que estabelecemos com nossas palavras e ações em cada situação em que nos encontramos. Nesse sentido mais amplo todos somos educadores, tanto pela ação como pela omissão, pelo exemplo positivo como pelo negativo.
Não seria necessário rever a teoria de Paulo Freire que coloca a educação “bancária” como antagonista completa da educação libertadora? Como, na era da informação, abrir mão do papel arquivístico ou bancário da educação, tendo em vista as pressões não só de mercado, mas também culturais e relativas à obtenção de status?
Prof. José Manuel Moran - A organização da informação tão diversificada é importante na educação. Aprender a selecionar o que vale a pena, a compará-lo e avaliá-lo é fundamental para a construção do conhecimento. Mas para isso, não precisamos manter o modelo tradicional de transmissão convencional das informações (o modelo bancário). O conteúdo que um aluno precisa aprender na educação básica e superior está disponível de múltiplas formas, a maior parte gratuitas. O importante é o que ele pode fazer com tanta informação; como torná-la significativa, congruente e aplicável.
Temos que aproveitar todas as possibilidades que as tecnologias nos permitem de criar ambientes ricos de informação, de atividades adaptadas ao ritmo de cada aluno. Uma formação mais prática que teórica, com muita pesquisa, atividades supervisionadas, projetos, orientação dos alunos desde o começo.
Uma das formas interessantes de ensinar hoje é através das aulas invertidas ou flipped learning. As informações iniciais sobre cada assunto podem ser disponibilizadas no ambiente virtual, com um roteiro que o aluno percorre, investiga. Depois o professor tira as dúvidas, orienta, amplia os significados num ambiente de webconferência. No próximo assunto, pode-se partir de um desafio, um jogo, uma viagem virtual, onde os alunos sigam pistas, investiguem, colaborem entre si até chegar a um consenso, a partir também de leituras com autores de referência sobre os temas pesquisados. A informação é importante, mas não precisa estar confinada unicamente à sala de aula e depender só da transmissão do professor.
Como, num contexto de pobreza e carência de meios, os educadores podem agir para ser gestores menos previsíveis e mais inovadores?
Prof. José Manuel Moran - Há muitas tecnologias e aplicativos gratuitos ou de custo baixo disponíveis para uso educacional. Qualquer professor pode criar um blog, criar um grupo, se a escola ou instituição não tiver ambientes digitais próprios. O importante não são os aplicativos, mas a criatividade na utilização didática dos recursos possíveis na instituição em que trabalha.
É importante começar pela experiência prévia do aluno, – o que cada um sabe sobre um assunto. E avançar para compartilhar as referências básicas comuns a todos – um vídeo, um texto fundamental. E propor atividades em ritmos diferentes para alunos com estilos cognitivos diferentes.
Tudo o que é previsível, a tecnologia faz por nós, ou nos serve como apoio. Nosso desafio é motivar os alunos para gostar de ler, de pesquisar, de aprender, de conviver. Para isso também precisamos ter desenvolvido esse mesmo gosto, competência e riqueza de experiências de aprendizagem em todos os campos. Se somos previsíveis, utilizaremos as tecnologias de forma previsível também, com poucos diferenciais.
Numa sociedade conectada, podemos aprender de formas muito diferentes desde que entramos na escola. Mesmo “confinados”, alunos e professores em espaços previsíveis, nossas atividades de ensino e aprendizagem podem ser muito mais diversificadas, com metodologias mais ativas, que combinem o melhor do percurso individual e grupal. É possível planejar atividades diferentes para grupos de alunos diferentes, em ritmos diferentes e com possibilidade real de acompanhamento pelos professores. É importante trabalhar com desafios de aprendizagem, começando pelos simples, ligados à realidade deles e ir evoluindo para outros mais complexos.
Quando a aprendizagem deixa de valer a pena?
Prof. José Manuel Moran - A aprendizagem vale menos a pena quando conseguimos motivar os alunos só com argumentos externos (a nota, ameaça de punições etc.). Nesse caso eles aprendem só para passar, para livrar-se da tarefa, para ter um diploma. Vale a pena, quando motivamos os alunos intimamente, quando eles acham sentido nas atividades que propomos, quando se engajam em projetos em que trazem contribuições, quando os resultados superam nossas expectativas iniciais, porque houve uma negociação na atividade e eles fizeram sugestões enriquecedoras.
A aprendizagem deixa de valer a pena quando não acontece de verdade. Se pouco mais de um terço dos alunos de nível superior consegue interpretar um texto, o problema é muito grave. Metade dos alunos do ensino médio e superior desistem de estudar. O motivo principal não é o econômico, a necessidade de trabalhar, mas o de não ver sentido no que se aprende. A escola é pouco atraente. As disciplinas estão soltas, falam de assuntos sem ligação direta com a vida do aluno. Muitos professores estão desmotivados. A infraestrutura está bastante comprometida, o acesso real da maior parte dos alunos à Internet é muito insatisfatório.
Se tantos jovens desistem do ensino médio e da faculdade, isso comprova que a escola e a universidade precisam de uma forte sacudida, de arejamento, de um choque. Alunos que não gostam de pesquisar, que não aprendem a se expressar coerentemente e que não estão conectados ao mundo virtual não têm a mínima chance profissional e cidadã enquanto esse quadro não mudar. Saber pesquisar, escolher, comparar e produzir novas sínteses, individualmente e em grupo, é fundamental para poder ter chances na nova sociedade que estamos construindo.
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