sexta-feira, 26 de julho de 2013

Riso metafórico com Bugio, o motoqueiro

                              http://mundotexto.files.wordpress.com/2013/07/937ee-bugio252comotoqueiro.jpg?w=640&h=300

Para a gramática tradicional, a metáfora é colocada como um tipo de figura de linguagem, “muito encontrada em obras de autores clássicos e consagrados pela crítica”. Porém isto não nos interessa aqui, porque prefiro afirmar que a metáfora está em quase tudo que qualquer sujeito diz por aí, esse papo de linguagem dos clássicos e usos consagrados já era! Por conseguinte, prefiro tratar a metáfora como um processo de significação cuja compreensão das expressões linguísticas envolve algum tipo de relação inferencial.

Vamos ver então de onde vem o efeito do riso metafórico que a tirinha do nosso motoqueiro Bugio produz. Para tanto, com base no que diz Ferreira (2009), apresento 4 propriedades básicas encontradas em uma metáfora. Pode ser que existam outras propriedades ou mesmo que o recorte feito seja discutível, mas por ora ficamos com estas:

1) duplicação dos empregos – a metáfora funciona como expressão substituta possível (cair na estrada =  partir para outro lugar ou em viagem conduzindo um veículo por caminho terrestre) de um termo com sentido próprio ou literal (cair na estrada = sofrer uma queda ou tombar em via terrestre, ir ao chão);

2) mudança de sentido – o uso da expressão metafórica (com sentido simbólico, figurado, modificado) evoca um sentido diferente daquele primeiro que o termo apresenta na língua (com sentido próprio ou literal, a primeira entrada lexical no dicionário);

3) hipótese da transferência – a expressão linguística no uso metafórico troca de sentido porque é transferida do contexto habitual (referência ao movimento de queda em sentido literal) para um contexto de uso incomum (referência a uma forma de deslocamento em sentido discursivo);

4) hipótese da similitude ou da analogia – a relação de similaridade na construção de metáforas é uma propriedade preexistente nos referentes selecionados pelo falante, como ocorre no exemplo do Bugio, em que a analogia entre as expressões decorre de suas aproximações dentro do campo semântico que engloba os sentidos de movimentação e deslocamento.

E o efeito de riso metafórico? Este vem da exploração que o autor faz dos sentidos (i) discursivo por meio da voz do personagem Bugio no primeiro quadro da tirinha e (ii)literal através da voz do personagem Tucano na finalização dessa história rápida, assim como das ilustrações associadas a cada um dos sentidos.
Leia mais sobre metáfora: FERREIRA, Alice Maria de Araújo. Questões sobre a metáfora: definições e discussões. Polifonia, n. 18, p. 131-144, 2009.
Fonte: http://mundotexto.wordpress.com/category/piadas-linguisticas/?blogsub=confirming#blog_subscription-2

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