Importante ferramenta didática para todas as disciplinas, a pesquisa precisa ser mais bem usada em aula. Ao planejá-la e executá-la adequadamente, você possibilita que as crianças e jovens aprendam os conteúdos do currículo, enquanto se tornam estudantes autônomos
Anderson Moço
Ninguém chega à escola sabendo pesquisar e também não aprende a fazer isso num passe de mágica assim que é alfabetizado - apesar de muitos professores simplesmente passarem a tarefa sem antes ensinar a realizá-la. Essa é uma competência que se desenvolve com a prática e com direcionamento. "A investigação na escola está intimamente ligada à orientação. Se até mesmo um doutorando tem um orientador, por que as crianças da Educação Básica dariam conta do trabalho sozinhas?", questiona Bernadete Campello, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e autora de obras sobre o assunto.
Antes de convidar a meninada a explorar livros na biblioteca, a ler artigos na internet, a entrevistar um especialista ou a analisar vídeos e fotos, é preciso determinar os objetivos de aprendizagem com relação aos procedimentos de pesquisa e aos conteúdos abordados. Na hora de iniciar o trabalho, todos têm de estar cientes de seus propósitos: encontrar respostas para um problema. Aqui vale um destaque: buscar uma informação específica e que é facilmente encontrável - como a data ou os protagonistas de um fato histórico - não é investigar. "A pesquisa envolve, sim, a habilidade de localizar informações, mas não só isso. A chave, principalmente para os mais experientes, está na interpretação delas e na apresentação de um ponto de vista próprio para uma audiência interessada, como os colegas da sala e da escola ou a comunidade", ressalta Demo.
A atividade só será produtiva também se a sala estiver completamente envolvida pelo tema. "Na vida real, só procuramos respostas para aquilo que nos aflige ou que gera grande curiosidade. O mesmo ocorre na escola: é necessário querer conhecer mais sobre o assunto para se envolver", ressalta Bernadete. Para que os alunos deem conta desse desafio, cabe a você apresentar fontes confiáveis e ensiná-los a tomar notas, a fazer resumos, a entrevistar pessoas e a construir sentidos para os textos. Além disso, é essencial mostrar modelos e formas de preparar um produto final em que as descobertas sejam apresentadas. Ao passar por diversas experiências nesse percurso, as crianças adquirem segurança para empregar os conhecimentos em outras situações de coletas de dados, de análise e de estudo (é o caso de provas, preparações para debates ou apresentações, por exemplo). Assim, tornam-se mais autônomas.
Conheça em detalhes as cinco etapas para realizar uma boa pesquisa escolar: fazer uma boa pergunta, indicar fontes seguras, ensinar a interpretar, orientar a produção escrita e finalizar os trabalhos, socializando as aprendizagens. Em cada uma delas, há recomendações específicas para três etapas de ensino - da Educação Infantil ao 2º ano, do 3º ao 5º e do 6º ao 9º -, além de exemplos.
Os erros mais comuns
- Pedir que os alunos procurem tudo sobre um assunto. A turma não aprende com essa atividade e se confunde sem um objetivo claro.- Trabalhar com pesquisa o tempo todo. É preciso usar a estratégia com critério e mesclá-la a outras, como a boa e velha aula expositiva.
- Passar para o bibliotecário a orientação da pesquisa. Ele pode ajudar na seleção do material, mas o papel de ensinar a buscar dados e interpretá-los é do professor.
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/como-ensinar-meio-pesquisa-607943.shtml
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